sábado, janeiro 28, 2006

O Republicanário

Quando a "Cidade de Deus" não tem Igreja
Há já algum tempo que professo a ideia de que, também na vida política activa, não nos devemos orientar com as limitações de gaveta conceptual, com caixinhas de verdades ou ideologias impostas. E isso também se ajusta à vivência espiritual, esse lado da nossa existência frequentemente oculto ou, pelo menos em alguns casos, obscurecido por algumas daquelas limitações. E nada disto contribui para a satisfação dos povos, que é o mesmo que dizer que não traz felicidade para ninguém. Ou, numa linguagem mais positivista, não é por aí, certamente, que se constrói o progresso das civilizações. Mesmo que a base não material destas exija alguma conformidade dentro de imperativos categóricos, não há nada que o progresso social oponha à liberdade natural das pessoas. Mesmo em sociedade. Sobretudo na polis. Principalmente quando percebemos que também há religião sem Igreja, ou que esta começa por ser toda a comunidade, independentemente dos credos a que se devotam.
É assim que não compreendo em que sentido foi a 'orientação' do voto dos que ainda agora militam no Partido em que continuo filiado (a Nova Democreacia), se é que a houve, como é costume nas aproximações partidário-eleitoralistas. Sim, que isto de andar a "competir pelo acesso ao exercício do Poder" tanto exige. Mas como a graça do espírito já não parece pairar sobre tão ilustres cabeças pensantes e dirigentes, resta-nos a vã esperança de que a legítima espectativa deixada no Conselho Geral de Évora tenha ficado na maioria das cabeças cavaqueiras. E, em todo o caso, 'não devemos ter medo'. Devemos acreditar que ainda é possível. Ou não tivéssemos o altíssimo, o único, o mais que tudo, que olha por nós, para nós.Mas, ... talvez já não olhe connosco!