domingo, novembro 13, 2005

Cogitando

Quando a Crença Valia o Esforço! Contemplações (2) 1. Este trecho que agora aqui torno público é mais uma das minhas contemplações, muito embora a contra-gosto de alguma “direita pura” que vagueia por Barcelos (e não só), pois mais parece que essa dita pseudo-neo-inquisitorialice galinácea não se ajeita lá muito bem com algumas das nossas rubricas (a saber, parece provocar náusea de esquerda o facto de se evocar, em poema, a data de 25 de Abril), assentes na contabilidade social do activo que já é pátria, porque de todos nós. Quer gostemos, quer não, pois a nossa dita não escolhe direitas ou esquerdas. Muito menos pode, de maneira alguma, ficar hipotecada nos meandros da endireitice pedincheira, porquanto o activo ou o passivo a inscrever no legado pátrio que todos construímos e legamos aos vindouros (à semelhança do que os que passaram fizeram por nós) ainda não estão sujeitos às mui almejadas contabilidades bancário-escrituradas. Se assim fosse, já não tínhamos património colectivo, mas apenas orçamentos sociais (previsionais ou de gestão). A minha n-ésima quota parte não compram. Não está à venda! Assim como, tenha a certeza, a de todos aqueles que pensam, sentem e vivem como eu. 2. Quantas vezes atravessei, de autocarro ou de ‘eléctrico’, em Lisboa, a via da Avenida da Índia para a 24 de Julho, que neste embocar era ladeada, pela esquerda, por um largo pedaço de alta parede (de cor parda em tom claro), onde aparecia, imponente, a pintura mural que a figura mostra. Esta e outras figuras representativas de forças políticas, conotadas ou não com formações partidárias (mas eram-no, geralmente), eram bem o exemplo da grandeza espiritual que marcava, para toda a sociedade portuguesa pós-25 de Abril, o tamanho da nossa esperança colectiva num futuro melhor. Que começou a ser chamada de revolução! Mas, à medida do passar do tempo (que este não engana), a esperança ganhou contornos de desilusão. Com um mesmo tamanho que, talvez, sempre tivemos vergonha de a pintar! Para isso, em Portugal todas as paredes teriam de ser enormes! Cada vez mais enormes! Como é gigantesco o pavor de estarmos a ser engolidos por uma qualquer inergúmena entidade que, implacável no disfarse, veste as inúmeras roupagens de uma espécie de Leviatã que este sistema político fabricou e vestiu. 3. Por isso, vamos novamente manchar as paredes do nosso quotidiano, talvez a começar pelas de nossa casa, com as evocações mais profundas das nossas crenças em algo melhor. Mergulhemos, novamente, nas utopias em que tudo faremos para, um dia, deixarem de o ser (!?). De preferência bem coloridas, sem falsas matizes ou imposições monocromáticas! Venham elas, “endireitadas”, das esquerdas enviesadas! Ou de “centros” de formação de direitas, a convir às esquerdas que agora pululam de ricos como, outrora, o não faziam aqueles que criticavam! Pois tal é o estado a que o espectáculo chegou.

Mas, se não é o povo que o encenou, muito menos tem a obrigação de se constituir em seu fiel espectador! Passivo! Impotente!? Não! Aprendamos a força de sabermos quando se deve dizer”mais não”! Basta!

Pintemos estrelas, o céu, os rios, o mar, as montanhas, as flores, o amor, o pão, a água, o trabalho, etc., mas sempre com sorrisos, sem partidos, sem esquerdas nem direitas, fazendo das imagens que transmitirmos os mais ilustres ícones das causas que todos queremos defender! Amem!!! J.RC

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